❈ Registos de Observações ❈
Casos Clínicos
A construção de planos de cuidados representa um pilar fundamental na prática de enfermagem, pois traduz o pensamento crítico, científico e ético do enfermeiro em intervenções individualizadas e de qualidade, orientadas pelas etapas do Processo de Enfermagem (PE).
Segundo Dorneles et al. (2021), o PE é reconhecido como uma tecnologia de trabalho que garante ao enfermeiro autonomia profissional, contribuindo para a visibilidade e valorização da mesma. As autoras reforçam que sua aplicação "deve ser realizada de modo sistemático e deliberado em todos os ambientes públicos ou privados em que ocorra o cuidado de enfermagem" (Dorneles et al., 2021, p. 2), sendo dividido em cinco etapas sequenciais: colheita de dados, pensamento clínico (julgamento), planeamento, intervenção e avaliação.
Cada uma destas etapas desempenha um papel interdependente e essencial, a colheita de dados permite possibilita identificar necessidades do utente, garantindo que os diagnósticos formulados e as intervenções propostas sejam centradas na pessoa; o pensamento clínico possibilita formular diagnósticos apropriados; o planeamento norteia a definição de objetivos da prestação de cuidados; na intervenção executa-se as ações terapêuticas propostas; e a avaliação analisa os resultados obtidos, promovendo ajustes sempre que necessário. Este processo sistemático assegura a continuidade e eficácia do cuidado de enfermagem, fundamentado em evidência e centrado na pessoa.
Com este enquadramento, os planos de cuidados apresentados a seguir foram desenvolvidos de forma sistemática, baseando-se em dados objetivos e subjetivos colhidos durante o ensino clínico. Pretendem evidenciar não só a aplicação concreta do PE, mas também a importância da sua utilização para garantir uma prestação de cuidados de qualidade, eficaz e humanizada à pessoa idosa.
Programa Combinado de Exercício Físico e Terapia de Reminiscência
Durante o Ensino Clínico em contexto gerontogeriátrico, surgiu a oportunidade de implementar um Programa Combinado de Exercício Físico e Terapia de Reminiscência, direcionado a pessoas idosas institucionalizadas, o que se revelou uma experiência profundamente transformadora, contribuindo de forma significativa para o meu desenvolvimento enquanto futura enfermeira.
A intervenção foi desenvolvida com base em duas metodologias: o Programa de Exercício Físico para Idosos com Fragilidade e o Programa de Terapia de Reminiscência. Inicialmente, confesso que enfrentei alguma apreensão quanto à sua implementação, em virtude da responsabilidade associada e do desconhecimento prático da metodologia. No entanto, a realização de um seminário desenvolvido pelos Professores Orientadores, em prol de abordar este tema foi fulcral para o aumento da minha confiança e para o aprofundamento dos conhecimentos necessários à implementação do projeto.
A elaboração e aplicação do programa contou com o envolvimento ativo e colaborativo da equipa multiprofissional da instituição, cuja abertura, apoio e interesse foram fundamentais para o sucesso da intervenção. Após a definição dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionadas seis utentes que aceitaram participar voluntariamente. Procedeu-se, então, a uma avaliação inicial abrangente, seguida da aplicação do programa ao longo de doze semanas, com uma organização flexível, adaptada à dinâmica institucional e às necessidades do contexto de Ensino Clínico. O programa foi composto por oito sessões, com duração entre 30 e 45 minutos, estruturadas em dois momentos: um de estimulação cognitiva e outro de exercício físico.
Foram realizadas as avaliações iniciais recorrendo a instrumentos padronizados mensuráveis, nomeadamente o Montreal Cognitive Assessment (MoCA) (Anexo 1). Ao longo das sessões também foi avaliada a satisfação das utentes, com vista à recolha de perceções e nível de aceitação por parte das participantes e avaliada a prestação das mesmas a partir de grelhas de avaliação das sessões, preenchidas sistematicamente em cada intervenção.
Apesar dos desafios logísticos, a motivação demonstrada pelas utentes superou todas as expectativas, a sua assiduidade, envolvimento ativo e até a ansiedade demonstrada na expectativa pelas sessões seguintes, foram indicativos claros do impacto positivo da intervenção.
Como referido, o Programa tem a durabilidade de doze semanas, com o intuito de executar uma sessão por semana, contudo, dado a fatores externos recorrentes, é apenas possível, a realização de oito sessões. Uma vez que, o ECIO-II ainda se encontra a decorrer, só estarão disponíveis os planeamentos e as respetivas avaliações de seis sessões, que estarão disponíveis posteriormente.
Esta vivência permitiu-me refletir sobre o papel do enfermeiro como agente promotor de saúde em todas as dimensões do envelhecimento. Comprovou-se que intervenções integradas e personalizadas não só melhoram o bem-estar físico e cognitivo, como também promovem sentimentos de pertença, valorização pessoal e reforço da autoestima nos idosos.
A implementação deste programa representou, assim, uma oportunidade única de crescimento profissional, reforçando a minha paixão pela enfermagem geriátrica e a convicção de que o cuidado à pessoa idosa deve ser global, dinâmico e centrado na pessoa. Foi, sem dúvida, uma experiência enriquecedora, que reafirmou o meu compromisso com uma prática de enfermagem baseada em evidência, empatia e dedicação.
Para encerrar esta etapa de forma simbólica e afetiva, será entregue às participantes um certificado de conclusão do Programa Combinado de Exercício Físico e Terapia de Reminiscência (Apêndice 1), como reconhecimento pelo empenho, pela assiduidade e pela dedicação que demonstraram ao longo das sessões. Acreditamos que este pequeno gesto irá representar, para cada uma delas, não só um motivo de orgulho pessoal, mas também um incentivo à continuidade da participação ativa nas atividades desenvolvidas na Fundação. Paralelamente, ficará também disponível, junto da equipa multiprofissional, o planeamento do programa, com o intuito de facilitar a sua continuidade no futuro.